quarta-feira, 29 de setembro de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
O Anjo
Cansada, com aquela sensação de preguicite rara que só existe nos domingos á tarde antes do culto, enconstei a cabeça na janela embaçada do Uno azul do meu cunhado. O carro ainda novo estava parado na garagem, comigo dentro dele, á espera dos donos para levá-los á igreja. Eu já estava pronta é claro. Mas eles se enrolavam dentro da casa. Eu podia ouvir que discutiam enquanto se arrumavam.
Entediada pela situação e pela vida medícre da minha irmã, que todo bendito dia discutia com meu cunhado com frases do tipo "ahh! Para amoor!" combinando com os " e daí?" dele, eu suspirei. Sabia que eles entrariam no carro e ficaram calados, de bico um com o outro, até chegarmos ao nosso destino.
Sem surpresas, me via confabulando novamente. Perdida em meus pensamentos a respeito de tudo, senti que entraram no carro, em silêncio como eu tinha previsto, e saimos. Não os olhei em nenhum momento, apenas olhava pela janela pensando na vida.
Eu teria percebido que algo errado estava acontecendo mais cedo se eu não estivesse tão distraída comigo mesma. Quando dei por mim, o carro não tinha ido para a igreja, mas sim estava entrando na Rodovia dos Minérios, que se dirigia pra fora de Tamandaré.
Assustada eu olhei para o banco do motorista, e não vi ninguém sentado nele, mas o volante se mexia e o pedal do acelerador também. Percebi então que eu estava sentada no banco da frente, e não no de trás como seria se minha irmã e meu cunhado estivessem no carro. Olhei para aquele 'nada' dirigindo e pensei: "Ah! é um anjo!". Então eu virei para a janela outra vez, fazendo pouco caso da situação, e continuei a pensar na vida.
Sabe quando a gente passa tanto tempo confabulando e olhando pro além que parece que o tempo passou sem nossa presença? Era como se eu tivesse pulado minutos da minha vida.
Quando dei conta de mim, o tempo havia passado depressa, e o carro já seguia pela Estrada da Ribeira, em direção á Colombo, onde eu morava na época. Estaria o anjo me levando á minha casa? Parecia que não. Algo estranho tinha que acontecer, e eu sentia que ele tinha um papel a desempenhar.
Agora eu já podia o ver. De branco, alto, cabelos brancos muito lisos, sério. Muito sério. Não havia expressão nenhuma em sua face. Na verdade não lembro muito do seu rosto. Era um guerreiro, com certeza. Eu sentia paz na sua presença, apesar de certo temor ... ele realmente não estava pra brincadeira, mas eu me sentia estranhamente muito segura com ele, e talvez sentia até uma certa amizade.
Eu, bem tonguinha, pensei: "Ah, já que ele está dirigindo pra mim... vamo conversar né".
Então me virei para ele dizendo:
- Oi. Pra onde estamos indo?
Ele me deixou no vácuo. Não respondeu, continuou perfeitamente sério. Acho que o olhar constante dele para a frente foi a minha resposta. Eu olhei também. E vi. Vi que algo terrível ia acontecer. Eu sentia.
Estávamos chegando no mais perigoso cruzamento daquela estrada, justamente na parte em que os ônibus entravam no terminal, e que todas as ruas se juntavam como veias emboladas. Ele deveria tomar cuidado, diminuir a velocidade como era recomendado. Mas não, ele acelerou. O sinal estava fechado. O anjo parecia realmente maluco, mas eu confiava nele.
Eu comecei a ficar nervosa, entretanto. Ele apenas acelerava. Inquieta no banco, eu já me inclinava pra frente. Olhava ansiosa para ele, que continuava sério numa paz sem explicação. A resposta para esse comportamento, é que ele sabia o que estava fazendo. Foi quando eu olhei para trás, e vi o pôr-do-sol tão perfeitamente posto atrás de nós.
Lindo, alaranjado. Tão perfeitamente alinhado com a estrada, o sol criava uma sombra perfeitamente quadrada e longa do carro á nossa frente. Como o Uno é um carro bem quadrado, a sombra só podia ser perfeita. Perfeita... até que, como um sonho, aquela sombra ficou embaçada. Como se fosse fumaça, ela parecia se mover.
E então outra forma pareceu crescer além da sombra comprida do carro. Aos poucos eu fui distinguindo a imagem. Era uma pessoa, correndo. E a cada instante eu podia ver mais claramente. Não era só uma pessoa, mas era um homem. Um musculoso homem de armadura, um guerreiro. Tinha nas costas uma espada, nas mãos, seu escudo.
Olhei para o anjo que dirigia, esperando que ele me explicasse. Então como se ele tivesse me dito, a resposta veio á minha mente: era outro anjo. Mas, com a espada nas costas e o ESCUDO na mão? Era estranho. E logo entendi, que eles estavam fazendo algo por mim. Eles estavam trabalhando juntos. Eram amigos. Era algo pelo meu bem.
O anjo do volante ia passar pelo cruzamento, e acelerou mais. E a cada velocidade ganha, o anjo da sombra corria mais. Eu imaginava se ele era só a sombra, ou se ele era invisivel a mim. Seja lá o que ele era, corria muito, com o escudo abaixado.
Então eu vi que outro carro, fazendo uma podagem, vinha na nossa direção. O anjo deveria freiar, diminuir velocidade para esperar o outro carro passar. Mas não. Ele acelerou pra cima dele como se fosse pra acertar. E acho que era mesmo. Eu olhei desesperada para aquele carro que ia bater em nós.
E segundos antes do impacto,
ele correu
mais veloz e furiosamente,
e quando o carro ia bater
ele ergueu seu escudo.
Então ocorreu o choque.
Tudo ficou branco.
Mas havia paz.
E, eu não sabia se estava vida. Mas eu sabia que eles haviam me levado lá para que aquilo ocorresse. Eles me levaram para o acidente. Eu tinha que passar por aquilo. Mas algo aqueles anjos me deixaram claro: que eu estava segura, fosse o que acontecesse, eu estava segura. Eles foram enviados para me levar ao meu destino e me proteger.
Mas algo não sussega em minha mente: Por que? O que aconteceu comigo? Por que aconteceu isso comigo? Por que realmente fizeram isso?
Muito tempo já passou, e ainda não encontrei a resposta. Mas sei que ela virá.
Entediada pela situação e pela vida medícre da minha irmã, que todo bendito dia discutia com meu cunhado com frases do tipo "ahh! Para amoor!" combinando com os " e daí?" dele, eu suspirei. Sabia que eles entrariam no carro e ficaram calados, de bico um com o outro, até chegarmos ao nosso destino.
Sem surpresas, me via confabulando novamente. Perdida em meus pensamentos a respeito de tudo, senti que entraram no carro, em silêncio como eu tinha previsto, e saimos. Não os olhei em nenhum momento, apenas olhava pela janela pensando na vida.
Eu teria percebido que algo errado estava acontecendo mais cedo se eu não estivesse tão distraída comigo mesma. Quando dei por mim, o carro não tinha ido para a igreja, mas sim estava entrando na Rodovia dos Minérios, que se dirigia pra fora de Tamandaré.
Assustada eu olhei para o banco do motorista, e não vi ninguém sentado nele, mas o volante se mexia e o pedal do acelerador também. Percebi então que eu estava sentada no banco da frente, e não no de trás como seria se minha irmã e meu cunhado estivessem no carro. Olhei para aquele 'nada' dirigindo e pensei: "Ah! é um anjo!". Então eu virei para a janela outra vez, fazendo pouco caso da situação, e continuei a pensar na vida.
Sabe quando a gente passa tanto tempo confabulando e olhando pro além que parece que o tempo passou sem nossa presença? Era como se eu tivesse pulado minutos da minha vida.
Quando dei conta de mim, o tempo havia passado depressa, e o carro já seguia pela Estrada da Ribeira, em direção á Colombo, onde eu morava na época. Estaria o anjo me levando á minha casa? Parecia que não. Algo estranho tinha que acontecer, e eu sentia que ele tinha um papel a desempenhar.
Agora eu já podia o ver. De branco, alto, cabelos brancos muito lisos, sério. Muito sério. Não havia expressão nenhuma em sua face. Na verdade não lembro muito do seu rosto. Era um guerreiro, com certeza. Eu sentia paz na sua presença, apesar de certo temor ... ele realmente não estava pra brincadeira, mas eu me sentia estranhamente muito segura com ele, e talvez sentia até uma certa amizade.
Eu, bem tonguinha, pensei: "Ah, já que ele está dirigindo pra mim... vamo conversar né".
Então me virei para ele dizendo:
- Oi. Pra onde estamos indo?
Ele me deixou no vácuo. Não respondeu, continuou perfeitamente sério. Acho que o olhar constante dele para a frente foi a minha resposta. Eu olhei também. E vi. Vi que algo terrível ia acontecer. Eu sentia.
Estávamos chegando no mais perigoso cruzamento daquela estrada, justamente na parte em que os ônibus entravam no terminal, e que todas as ruas se juntavam como veias emboladas. Ele deveria tomar cuidado, diminuir a velocidade como era recomendado. Mas não, ele acelerou. O sinal estava fechado. O anjo parecia realmente maluco, mas eu confiava nele.
Eu comecei a ficar nervosa, entretanto. Ele apenas acelerava. Inquieta no banco, eu já me inclinava pra frente. Olhava ansiosa para ele, que continuava sério numa paz sem explicação. A resposta para esse comportamento, é que ele sabia o que estava fazendo. Foi quando eu olhei para trás, e vi o pôr-do-sol tão perfeitamente posto atrás de nós.
Lindo, alaranjado. Tão perfeitamente alinhado com a estrada, o sol criava uma sombra perfeitamente quadrada e longa do carro á nossa frente. Como o Uno é um carro bem quadrado, a sombra só podia ser perfeita. Perfeita... até que, como um sonho, aquela sombra ficou embaçada. Como se fosse fumaça, ela parecia se mover.
E então outra forma pareceu crescer além da sombra comprida do carro. Aos poucos eu fui distinguindo a imagem. Era uma pessoa, correndo. E a cada instante eu podia ver mais claramente. Não era só uma pessoa, mas era um homem. Um musculoso homem de armadura, um guerreiro. Tinha nas costas uma espada, nas mãos, seu escudo.
Olhei para o anjo que dirigia, esperando que ele me explicasse. Então como se ele tivesse me dito, a resposta veio á minha mente: era outro anjo. Mas, com a espada nas costas e o ESCUDO na mão? Era estranho. E logo entendi, que eles estavam fazendo algo por mim. Eles estavam trabalhando juntos. Eram amigos. Era algo pelo meu bem.
O anjo do volante ia passar pelo cruzamento, e acelerou mais. E a cada velocidade ganha, o anjo da sombra corria mais. Eu imaginava se ele era só a sombra, ou se ele era invisivel a mim. Seja lá o que ele era, corria muito, com o escudo abaixado.
Então eu vi que outro carro, fazendo uma podagem, vinha na nossa direção. O anjo deveria freiar, diminuir velocidade para esperar o outro carro passar. Mas não. Ele acelerou pra cima dele como se fosse pra acertar. E acho que era mesmo. Eu olhei desesperada para aquele carro que ia bater em nós.
E segundos antes do impacto,
ele correu
mais veloz e furiosamente,
e quando o carro ia bater
ele ergueu seu escudo.
Então ocorreu o choque.
Tudo ficou branco.
Mas havia paz.
E, eu não sabia se estava vida. Mas eu sabia que eles haviam me levado lá para que aquilo ocorresse. Eles me levaram para o acidente. Eu tinha que passar por aquilo. Mas algo aqueles anjos me deixaram claro: que eu estava segura, fosse o que acontecesse, eu estava segura. Eles foram enviados para me levar ao meu destino e me proteger.
Mas algo não sussega em minha mente: Por que? O que aconteceu comigo? Por que aconteceu isso comigo? Por que realmente fizeram isso?
Muito tempo já passou, e ainda não encontrei a resposta. Mas sei que ela virá.
sábado, 10 de julho de 2010
Bailarina com defeito de fabricação.!
" Há maior significado profundo nos contos de fadas que me contaram na infância do que verdade que a vida ensina."
Queima dentro dessa garota uma alma de artista.
Ou melhor dizendo, o anseio por ser uma.
Queima dentro dessa garota uma vontade imensa de deixar seus defeitos no esquecimento e dançar com tudo...
Pelo menos ela tenta fazer isso. Não dá certo.
Queima dentro dessa garota o desejo de desistir. Sabe que não é o que gostaria de ser.
Mas faz o que ama. E se vivesse sem, é como se não pudesse respirar.
E... queima dentro dessa garota... a tristeza e a alegria ao mesmo tempo:
A tristeza de não ser suficiente para alcançar a estrela com que tanto sonha;
Bailarina de pés horríveis, de jeito estranho, de dança fosca;
Bailarina que faz qualquer coisa melhor do que dançar;
Bailarina a qual não pode-se chamar de bailarina;
E tudo isso fica no fundo da alegria de estar dançando: seja no palco, seja no altar.
Tudo fica no fundo pela paixão e respeito que sente pela arte que faz.
Por que mesmo sendo a bailarina-não-bailarina,
ela avança, vive, continua crescendo e aprendendo, sonhando, mesmo se decepcionando.
Como pode a mais terrível das bailarinas conseguir seguir em frente??
Talvez por que sua dança e sua vida se baseiam em apenas uma coisa: ESPERANÇA.
Por que... no fim... ela sabe que todo diamante precisa ser lapidado antes de virar uma obra de arte.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Paredes...
Das experiências da vida vou construindo as paredes da minha alma.
Uma obra de arte nascida da imaginação do Artista Supremo.
Mas, por alguma razão, estas paredes se fizeram tortas,
algumas até cairam no chão.
Vejo os meus pedaços por todo lado espalhados,
cada um deles é parte minha!
Me surgem tantas dúvidas.
De onde venho? Para onde vou?
Preciso descobrir quem sou!
Afundada em pensamentos, aciono lembranças, recrio idéias.
Procuro entender em que momento da minha vida,
as paredes que eram de proteção e sustento
se tornaram uma prisão.
Machucando a alma, matando sonhos,
desanimando,
Deprimindo.
Preciso encontrar respostas.
Onde será que tudo começou?
Caminho entre as pessoas, devagar, vou me afastando.
Escapando á multidão e aos olhares curiosos.
Não quero ser observada.
Algo dentro de mim me ameaça;
me inibe;
leva a introverter-me.
Fecho todas as portas de entrada e de saída,
me esquivo,
não falo...
apenas olho.
E o que pelos olhos entram em mim,
vai subindo pelas veias
galgando o coração em mente que quer explodir!
Por um lado me faltam lábios,
por outro me sobram olhos
que aumentam a agonia, e os anseios que não entrego
e nem posso entregar a ninguém!
Na verdade não falo com ninguém,
mas falo comigo mesma,
enquanto caminho em meu universo trancado,
que ninguem entra ou conhece,
a não ser Deus.
Sou ilha sem ponte, sem navio, sem barco.
Eu não sei nem ouso nadar.
Não tenho como enfrentar o mar.
Eu continuo só.
Até quando, Deus meu?
Sinto hoje que você não me fez para a prisão
e o isolamento,
nem para a rejeição
ou o abandono.
Então destranca-me Senhor!
Minha consciência esteve por longo tempo vazia.
O que havia era vácuo, deserto.
E eu me pergunto abismada
diante de tantas vozes que me bradam a alma:
"O que eu fiz da minha vida?"
"O que eu fiz de mim?"
Cortei toda a minha comunicação com Deus
e com o mundo
para escolher meu próprio caminho.
Puseram diante de mim tantos papéis
sem perguntar se me serviriam.
A rejeitada,
a traiçoada.
A forte,
destemida,
covarde.
Mentirosa.
Olho-me no espelho.
A imagem é insuportável!
Preciso me encontrar.
Encontrar uma saída, uma entrada!
Sei que representei papéis desprezíveis,
mas quero o arrependimento!
O perdão!
Precido encontrar Aquele que me alivia.
Que me dá descanço á alma!
Preciso de Ti, Ó Deus!
Guiando meus passos, minha vida.
Restitui pela sua misericórdia o tempo perdido!
O amor, a alegria.
Preciso de Ti, Senhor.
E da tua benção.
Preciso de Ti, Senhor.
Restitui.
sábado, 29 de maio de 2010
Para uma Olivia...
Eu sempre me senti muio parecida com a Olivia Dunham, personagem principal de Fringe. Durona, sóbria. Porém cheia de força, sonhos e no fundo... amorosa.
Abaixo está a descrição de Peter em relação a ela. Quando assisti a cena em que ele fazia essa fala, pareceu que ele me descrevia
"... ela se parece muito com você. Com os olhos mais tristes talvez. Está sempre tentando compensar alguma coisa, corrigir algum erro imaginável.Bem, talvez não se pareça nada com você..." Peter Bishop - about Olivia Dunham - Fringe
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